Fotografia do "Rio Cávado, no Gerês"

domingo, 29 de janeiro de 2012

Paço dos Duques de Bragança - Guimarães

Dezembro de 2009

História

O Paço dos Duques de Bragança, exemplar representativo da arquitectura senhorial quatrocentista e berço da Casa de Bragança, localiza-se numa colina sobranceira ao burgo muralhado.

O Paço foi mandado construir por D. Afonso (filho ilegítimo do rei D. João I), entre os anos de 1420 -1422, por altura do seu segundo casamento com D. Constança de Noronha (filha do conde de Gijón e Noronha).

Esta moradia senhorial foi essencialmente habitada durante o século XV. Na centúria seguinte assistiu-se a um progressivo abandono e a uma consequente ruína (motivada por factores políticos e económicos), estado que se agravou até ao século XX.

Este estado de ruína não foi impeditivo de se identificarem, no primeiro quartel de novecentos, alguns elementos arquitectónicos comuns às casas fortificadas, bem como soluções construtivas importadas da Europa setentrional, como a organização simétrica em torno de um pátio central e os vestígios de múltiplas chaminés, conferindo ao conjunto aspectos singulares e únicos no âmbito da arquitectura civil portuguesa de finais da Idade Média.


Entre 1937 e 1959 realizou-se uma ampla e complexa intervenção de restauro, da responsabilidade do arquitecto Rogério de Azevedo. Procedeu-se também à aquisição do recheio actual, composto por peças de arte variadas e datadas, essencialmente, dos séculos XVII e XVIII.

Do referido acervo destaca-se o conjunto das quatro cópias das tapeçarias de Pastrana, cujo desenho é atribuído ao pintor Nuno Gonçalves, as porcelanas "Companhia das Índias", as faianças do Rato, Prado, Viana, Rocha Soares, diversas tapeçarias flamengas e d'Aubusson e mobiliário variado.

O paço encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. Actualmente, é um serviço dependente do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) e integra o Museu (1º piso), uma ala destinada à Presidência da República (fachada principal, 2º piso) e uma vasta área vocacionada para
diversas iniciativas culturais.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A 1º pedra na edificação de um país... Srª da Luz!


A MEU PAI, MANUEL JOAQUIM RAMOS...

"O Amor há-de vencer e a alma libertar... - o Amor a Portugal!"

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Recentemente, ouvi a um pesquisador da "História de Portugal", que este lugar de "Senhora da Luz", em Creixomil, teria sido o presumível local da batalha de S. Mamede, em Guimarães. No local há uma placa, quase ilegível, onde diz "1075 anos de História - de 926 a 2001"

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Batalha de S. Mamede

Batalha travada a 24 de Junho de 1128 "in campo Sancte Mametis quod est prope castellum de Vimaranes". Desde 1112, ano da morte do seu esposo, D. Teresa detinha o governo do condado Portucalense tendo a seu lado fidalgos castelhanos, nomeadamente Fernão Peres de Trava, com quem, pensa-se, terá mantido uma relação marital. Já desde 1127 o infante Afonso Henriques mantinha discórdias importantes com sua mãe; tentou por este motivo apoderar-se do governo do Condado.


As tropas do infante e dos barões portucalenses enfrentaram as de Fernão Peres de Trava e dos seus partidários portugueses e fidalgos galegos no dia de S. João Baptista do já referido ano de 1128. A vitória foi para D. Afonso Henriques. O cronista do mosteiro de Santa Cruz aproveitou a coincidência da data da batalha com a festa religiosa para exaltar o acontecimento, conseguindo colocá-lo ao nível das intervenções divinas. S. João Baptista tinha sido o anunciador de Jesus Cristo pelo facto de a batalha se ter dado na data em que se venera esse santo e a vitória ter sorrido a D. Afonso Henriques. Tal facto é, para o cronista, prova de que o infante era, também ele, o anunciador do aparecimento de um novo reinado.


Efectivamente, esta batalha foi decisiva, pois com ela mudaram os detentores do poder no condado (expulsão de D. Teresa e do "seu conde") e mudaram ainda as relações das forças sociais para com o próprio poder. Os barões portucalenses, ao escolherem D. Afonso Henriques para seu chefe, recusavam-se a aceitar a política da alta nobreza galega e do arcebispo de Compostela; por esta via estavam a inviabilizar um reino que englobasse Portugal e a Galiza. Desencadearam uma corrente independentista capaz de subsistir por si só e capaz de resistir a todas as tentativas posteriores de reabsorção.


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A localização exacta do campo de batalha é ainda pouco precisa; sabe-se, no entanto, que a refrega se deu, sem qualquer dúvida, perto de Guimarães.











Nota: A minha saudosa sobrinha Ângela deixou-me aqui um único comentário neste blog, em Dezembro de 2009; mal eu sabia que sete meses depois ela partiria deste mundo. Que a Luz esteja com ela!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

D. Afonso Henriques e o Milagre de Cárquere

Enigmas


Quantas vidas se contariam
se estas cadeiras falassem,
se as mesas articulassem
palavras,
elas falariam
de tão diferentes pessoas.

As emoções diversas
relembram soluços e risos,
as vidas que passam por aqui
misturam-se, condimentadas,
num enigmático
profanar de confidências.

Publicada por 

Santuário de Nossa Senhora de Cárquere 


Está localizado na vertente da Serra de São Cristóvão, a 6 Km da vila de Resende. A igreja é de uma só nave, com características de estilo manuelino. A capela-mor, gótica, deverá datar dos fins do século XIII ou inícios do século XIV. Contígua à sacristia, na parte mais antiga do edifício, situa-se a capela funerária dos senhores de Resende. A torre sineira é do século XIII. Foi antigo Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Sto. Agostinho e posteriormente dos Jesuítas.

Localização
- Mosteiro de Santa Maria de Cárquere
4660
Distrito: Viseu
Concelho: Resende
Freguesia: Cárquere









Como D. Egas Moniz (1) criou D. Afonso (Henriques), filho do Conde D. Anrique, e como (o mesmo D. Afonso Henriques) foi são per milagre de Nossa Senhora d’ aleijão com que nasceu.
/f. 5/
DEPOIS que o Conde D. Anrique / assi / (2) foi casado com Dª Tareja, (3) filha del-Rei / D. Afonso (VI) / (4) de Castela, como dito é, vindo ela a emprenhar, D. Egas Moniz, (5) mui esforçado e nobre fidalgo, grande seu privado, que com ele viera de sua terra, a quem tinha feita muita mercê, chegou a ele, (6) pedindo-lhe que qualquer filho ou filha que a Rainha parisse, lho quisesse dar, pera o ele criar. (7) E o Conde lho outorgou.

E veio a Rainha a parir um filho, (8) grande e fermoso, que não podia mais / ser em / (9) uma criatura, salvo que nasceu com as pernas tão encolheitas que, ao parecer de mestres e de todos, julgarom que nunca poderia ser são delas. E nasceu no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesu Cristo de M e XC e IV anos. (10)

Tanto que D. Egas Moniz soube que a Rainha parira, cavalgou depressa (11) e veio-se a Guimarães, onde o Conde D. Anrique estava, e pedindo-lhe, por mercê, que lhe desse o filho que lhe nascera, pera o haver de criar, como lhe tinha prometido. E o Conde lhe respondeu que não quisesse tomar tal cargo, que o filho que lhe Deus dera nascera, por seus pecados, tolheito de maneira (12) que todos tinham que nunca guareceria, nem seria pera (ser um) homem. E D. Egas Moniz, quando esto ouviu, pesou-lhe muito (13) e disse: -«Senhor, antes cuido eu que por meus pecados aconteceu isto. Mas, pois a Deus aprouve ser tal (14) minha ventura, dai-me, todavia, vosso filho, (15) quijando quer que seja». E o Conde, posto que tivesse grande pejo, pelo bem que a D. Egas Moniz queria, de o encarregar em semelhantes crianças, (16) por causa d’ aleigão da criança, contudo lha deu, por comprir (o que lhe tinha prometido). (17) (18)

E quando D. Egas vio a criança tão fermosa e com tal aleijão, (19) houve mui grande dó dela. E, confiando em Deus, que lhe podia dar saúde, a tomou (20) e a fez criar, não com menos amor e cuidado, (21) (do) que se fosse mui são. E, jazendo D. Egas Moniz uma noite dormindo, sendo já o menino de cinco anos, (22) lhe apareceu Nossa Senhora (23) e disse: -«D. Egas, dormes?» E ele, / a esta visão e voz, acordando, / (24) dixe: -«Senhora, quem sois vós?» E ela disse: -«Eu são a Virgem Maria, que te mando (25) que vás a um tal lugar - dando-lhe logo sinais dele - e faz i cavar, e acharás (26) uma igreja que, em outro tempo, foi começada em o meu nome, e uma imagem minha. Faz correger a igreja e a imagem, feita em minha honra. E isto feito, (27) farás i vegília, poendo (28) o menino / que crias / (29) sobre o altar, e sabe que guarecerá e /f. 5 v/ será são (30) de todo; e não menos te trabalha, daí avante, de o bem criar e guardar, (31) como fazes, porque meu Filho quer, por ele, destruir muitos imigos (32) da fé».

Desaparecida / esta visão /, (33) ficou D. Egas Moniz mui consolado e alegre, / como vassalo que, com são e verdadeiro amor, amava seu senhor e suas cousas /. E, tanto que foi menhã, alevantou-se logo, e foi-se, com gente, àquele lugar que lhe fora dito. E mandou (34) aí cavar, e achou aquela igreja e imagem, poendo em obra todas as cousas que Nª Senhora mandava. A qual e imagem, poendo em obra todas as cousas que Nossa Senhora mandava. À qual aprouve, por sua santa piadade, tanto que o menino foi posto sobre o altar, (ficou como se) nada tivera /. (35) (36)

/ Vendo /, (37) D. Egas Moniz, este tamanho prazer e milagre, deu muitos louvores a Deus e à Senhora Sua Madre, criando e guardando, daí avante, com muito amor e cuidado, (38) o menino, cujo aio foi sempre, até (39) que seu pai morreu em Estorga, sendo ele já de tamanha idade que, nas guerras e todas outras fadigas, supria os cargos de seu pai.(40) E, por causa deste milagre, foi, depois, feito, em esta igreja, com muita devação, o moisteiro de Cárcare.(41) E como quer que alguns contem seu nascimento haver sido Ultramar, e bautisado no rio Jordão, porém, por mais verdade, achei ser seu nascimento em a maneira que dixe.(42)
(C: f. 5 - G: p. 21 - P: p. 49, lin. 3)

In Crónicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal, Edição Crítica, pelo Académico de Número Carlos da Silva Tarouca, S. J., Vol. I, Academia Portuguesa da História, Lisboa, M CM LII.


A grafia das palavras foi actualizada. As palavras colocadas entre parênteses foram acrescentadas, a fim de facilitar a compreensão do texto.

Aqui: http://www.eb1-passos-resende.rcts.pt/2004_2005/milagre-de-carquere.html



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

D. Afonso Henriques - de Guimarães ou de Viseu?

Neste ano de 2012, ano em que Guimarães é a capital da cultura, este dilema será resolvido?


D. Afonso Henriques
Guimarães


Resende - Viseu


De Guimarães ou de Viseu?


A 15 de Agosto comemoram-se 900 anos do nascimento de Afonso Henriques. A dúvida é onde nasceu.

(Rui Cardoso e Nair Alexandra
23:50 Quinta-feira, 19 de Mar de 2009
Texto publicado na edição do Expresso de 14 de Março de 2009 - Actualidade)

Na esquina da Praça do Toural, em Guimarães, uma inscrição na muralha medieval proclama: "Aqui nasceu Portugal!". Poder-se-á dizer o mesmo acerca do primeiro rei? Avolumam-se dúvidas. O historiador José Mattoso, na biografia de D. Afonso Henriques (Círculo de Leitores, 2006) admite a hipótese de Viseu como "verosímil", ainda que não possa ser tomada "como uma certeza". A 15 de Agosto comemoram-se os nove séculos do nascimento do Fundador e já há comemorações paralelas, umas em Guimarães e outras em Viseu. As autarquias mostram-se prudentes, evitando grandes polémicas. Até porque já num passado recente os ânimos se exaltaram.

Alguns historiadores acham a polémica menor. É o caso do arqueólogo Cláudio Torres para quem "discussões sobre o local exacto de nascimento pouco ou nada adiantam". José Varandas, responsável do Centro de Estudos de História da Faculdade de Letras de Lisboa, concorda e acrescenta o seguinte: "O local de nascimento é irrelevante para a compreensão de quem foi D. Afonso Henriques. Na sociedade da época, um jovem fidalgo só começava a existir como pessoa a partir dos sete anos, altura em que era entregue a outra casa nobre para começar a ser educado e treinado na arte da guerra".

Dúvidas avolumam-se


Como se refere no outro texto, não faltam mitos acerca do primeiro rei. Para gerações de portugueses, Guimarães berço afonsino foi uma certeza, sustentada numa crónica do século XV, em tradição anterior e nas origens familiares do soberano. Mas há cada vez mais dúvidas.

Na apresentação do programa comemorativo vimaranense escreve-se: "não é nosso propósito aclarar, com estas comemorações, dúvidas históricas que de quando em vez se animam, e que apenas encontrarão resposta no labor de investigadores e medievalistas".

E alguns inclinam-se para Viseu, cuja Câmara prepara um leque vasto de iniciativas para o Verão. "Falar tanto de Viseu é curioso, por ser a capital mítica da resistência visigótica", comenta José Varandas. Ali foi lendariamente sepultado Rodrigo, o último rei godo, de resto 'enterrado' em vários outros locais...

Na referida biografia, o medievalista José Mattoso lembra a agitação em Guimarães, em Março de 1990, quando José Hermano Saraiva por lá passou. Saraiva era responsável de um "Dicionário Enciclopédico da História de Portugal" (Selecções do Reader's Digest) que incluía um artigo do catedrático Torquato de Sousa Soares, situando o nascimento em Coimbra.

Os locais irritaram-se e até o então presidente do Vitória de Guimarães, Pimenta Machado, foi ouvir o professor. Este afirmou adoptar a tese vimaranense e as hostes acalmaram. Mas não por muito tempo.


Investigador muda de posição


O investigador Almeida Fernandes, com obra vasta sobre a época afonsina, colaborara com a Sociedade Martins Sarmento, uma das mais importantes instituições culturais de Guimarães. Mas lançou, em 1993, o livro "Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques".

Aí explicava que o seu trabalho resultara de uma encomenda da associação cultural Unidade Vimaranense, na sequência da polémica com Hermano Saraiva. Mas que, ao escrever, se convencera do fundamento da hipótese Viseu.

Esgotada a obra e falecido o autor em 2002, houve reedição póstuma em 2007, já com a chancela da Fundação viseense Mariana Seixas. Mattoso, algumas vezes criticado por Almeida Fernandes, acaba por ponderar os argumentos deste. Na citada biografia, sublinha que documentos quase contemporâneos dos acontecimentos confirmam o nascimento em 1109. D. Teresa passou a maior parte desse ano em Viseu.

"Sendo a tese de Almeida Fernandes aceite pela comunidade científica, não podemos enjeitar tão ilustre filho", afirma o vereador da Cultura da Câmara de Viseu, José Moreira Amaral. Contudo, "não celebramos os 900 anos do nascimento contra ninguém e muito menos contra Guimarães". O autarca diz não querer "uma discussão política" porque está em causa "uma discussão científica". E acrescenta ter o presidente da Câmara, Fernando Ruas, proposto "comemorações em conjunto a Guimarães". Iniciativa que fonte bem colocada da autarquia vimaranense disse ao Expresso desconhecer.

Viseu começou a celebrar a efeméride esta semana. Três exposições documentais e de arte medieval, em Julho, e um grande congresso internacional, entre 16 e 19 de Setembro, são os pontos altos das comemorações, comissariadas pelo medievalista João Silva de Sousa.

O município de Guimarães preparou com instituições locais o programa "900 anos, 900 horas". Exalta-se um rei ligado aos vimaranenses, "que por eles foi apropriado como filho da terra e cujo destino determinou (...) o destino da própria cidade e das suas gentes". 24 de Junho é o momento mais alto das festas, com a recriação, no campo de São Mamede, do confronto entre os partidários do príncipe e da sua mãe.
As discussões sobre o mito e a realidade histórica vão continuar. Como disse Mattoso ao Expresso, "uma coisa é a História, outra é a reacção colectiva em torno de uma personalidade fundadora da comunidade".


GUIMARÃES:









terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Mosteiro das Montanhas: Nossa Senhora da Abadia

«Regressem ao silêncio das vossa Almas, e ali permitam que o Som do Espírito dilua todos esses ruídos»  Pedro Elias (in A chave de Andrómeda)

Dizia-me um senhor idoso, que encontrei no museu de Nossa Senhora da Abadia, que toda a peregrinação a Santiago de Compostela começava aqui na Nossa Senhora da Abadia, passava por São Bento da Porta Aberta e terminava no Mosteiro de Santiago de Compostela. Assim se completava a trilogia de peregrinação. 

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Nossa Senhora da Abadia é uma invocação católica da Virgem Maria. É conhecida também como Santa Maria do Bouro. Esta devoção surgiu a partir de uma imagem proveniente do Mosteiro das Montanhas, em BragaPortugal, no ano de 883. Abadia é o nome que vem de Abade, o qual é o superior de uma comunidade de monges, eleito por eles com total autoridade e jurisdição ordinária sobre ela. Por isso, Abadia pode significar a comunidade religiosa ou residência dos monges. A imagem de Nossa Senhora da Abadia é muito bonita. Representa Maria de pé, segurando com a mão o menino Jesus com uma coroa.E com uma belissima roupa das cores verde com flores,rosa,azul e branco e na mão direita um cetro para guiar os seus filhos e filhas e na cabeça uma linda coroa.
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Origem da devoção

A devoção a Nossa Senhora da Abadia é originária de Portugal.
A imagem de Nossa Senhora da Abadia é bastante antiga, procedente do Mosteiro de Bouro, situado no concelho de Amares, em Portugal. Por isso é também chamada Santa Maria de Bouro. O Mosteiro de Bouro já existia naquela região por volta do ano 883. Naquele tempo, Portugal e Espanha tinham sido invadidos pelos mouros, que professavam a religião muçulmana. Com receio dos mouros, os monges abandonaram o Mosteiro e, para evitar a profanação da imagem da Virgem Santíssima, esconderam-na.

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Após muitos séculos, no tempo do Conde D. Henrique, o fidalgo Pelágio Amado abandonou sua vida mundana e tornou-se eremita. Ele foi viver com um velho ermitão na ermida de São Miguel, perto de Braga.

Certa noite, num vale próximo da ermida, os ermitãos viram que brilhava uma luz bastante forte. Na noite seguinte, constataram que o fato se repetiu. Quando amanheceu, foram até o local, onde encontram uma imagem mariana entre as pedras. Cheios de júbilo, eles se prostaram diante da imagem e, agradecidos, passaram a venerar nela a Virgem Maria.

Muitos devotos, os eremitas mudaram-se para aquele local e construíram ali uma simples ermida, onde colocaram a imagem. Tendo sabido do fato, o arcebispo de Braga foi visitar a imagem naquela ermida. Sensibilizado com a pobreza dos ermitãos, o bispo ordenou que edificasse uma igreja para abrigar a imagem. A igreja foi construída de pedra lavrada.


Paulatinamente, outros religiosos foram morar com os dois ermitãos, constituindo uma abadia. Com o aumento de prodígios realizados sob a intercessão da Virgem Maria, a devoção se espalhou e ficou conhecida em todo o país. O rei D. Afonso Henriques fez sua peregrinação à igreja, onde deixou boa doação para o sustento do culto e dos monges.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_da_Abadia



As primeiras comunidades cristãs monásticas consistiam em grupos de celas ou cabanas reunidas em torno de um centro, onde habitava um eremita ou anacoreta de reconhecida virtude e de vida ascética exemplar, mas sem obedecer a qualquer ordem espácio-funcional.
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Cistercienses

Contudo, em termos estéticos, há a referir a síntese estética entre o românico, próprio de grande parte dos locais onde se estabeleciam e, de certa forma, aparentado aos ideais de simplicidade da Ordem, com o gótico, onde o virtuosismo estrutural e a sua tendência decorativista se tiveram de aliar e reformular, ao fazer conviver uma concepção mais humanista com outra, essencialmente espiritual.O mesmo espírito se manifestava na escolha dos locais onde os mosteiros eram erigidos. 
Quanto mais lúgubres e selvagens fossem as redondezas, mais estas se adequavam aos costumes austeros e rígidos dos monges. Mas estes assumiam uma vocação não apenas ascética mas também de trabalho e modificação do seu ambiente. 
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Os mosteiros Cistercienses deveriam, por regra, ser fundados em vales profundos bem providos de água. Ficavam, por isso, sempre junto a um rio, regato ou fonte, ou mesmo construídos sobre esses cursos de água, como acontece em Alcobaça, onde a cozinha é atravessada por um afluente do rio Alcoa. Tais vales, graças ao labor dos frades, eram profundamente alterados, passando de locais inóspitos a lugares altamente produtivos a nível agrícola. Pântanos, lamaçais, bosques sinuosos e florestas impenetráveis eram, geralmente, o terreno preferido para a acção empreendedora desta Ordem. 
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O "vale claro (luminoso)" ou Claraval, de São Bernardo, era, antes conhecido como "Vale do Absinto", ou da amargura, onde se refugiava toda a casta de bandidos. Milman, no seu "History of Latin Christianity", Volume III refere: " Era uma solidão sombria e selvagem, tão absolutamente estéril que, em princípio, Bernardo e os seus companheiros foram obrigados a viver sobre folhas de faia.

(Mosteiro de Santa Maria do Bouro)

"O renascimento monástico que se seguiu, o Cisterciense, durante os últimos anos doséculo XI, teve também uma vasta difusão e persistiu por mais tempo. Ainda que o grande impulsionador da Ordem tenha sido São Bernardo, ao tornar famosa a Abadia de Claraval (Clairvaux) em 1116, onde demonstrou um fervor notável, os seus fundadores foram São Roberto de Molesme e Santo Estevão Harding, em Cîteaux (Cistercium), uma floresta solitária e quase inacessível entre a região de Champagne e a Burgúndia


A nova Ordem derivava dos Beneditinos e seguia, portanto, a Regra de São Bento. Pretendia reformar os costumes monásticos ao aplicar regras rígidas de auto-abnegação que depois foram adoptadas pelas igrejas e instituições que pelos seus esforços foram erigindo por toda a Europa. A característica determinante das abadias Cistercienses consistia na sua extrema simplicidade e austeridade arquitectónica. Apenas se permitia uma torre, central, e de baixa estatura. Pináculos e torreões desnecessários passaram a ser proibidos. O trifório passou a ser omitido nas igrejas da Ordem. As janelas deveriam ser simples, sem divisões e sem vitrais. Prescindia-se de qualquer ornamentação acessória. As cruzes deveriam ser de madeira; os castiçais, de ferro. Tudo o que fosse exposto ao olhar deveria dar um testemunho de renúncia a qualquer vaidade mundana.



"Tenho de me lembrar. O passado é que veio a mim, como uma nuvem, vem para ser reconhecido: apenas não estou sabendo decifrá-lo." João Guimarães Rosa
(retirado do livro: "Alma de Isabel - de Aragão ao Chiado", de Teresa Gomes Mota)
http://www.caminhosdepax.pt/home.html#ecwid:category=0&mode=product&product=8282148


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Fontes dos Cinco Sentidos no Bom Jesus do Monte

«Permitam que o vosso olhar se deleite com as paisagens deste mundo. Deixem que as texturas se expressem através do toque como uma sinfonia que a vida vos traz e onde esse diálogo entre a consciência e a substância pode acontecer em total liberdade. Deliciem-se com os sabores e permitam que estes ganhem cores e aromas. Naveguem com os sons até ao altar da vossa Alma. Integrem a Vida através de todos os sentidos, permitindo que esta desperte diante de vós e fundam-se com a sua Luz. Só então o vaso estará pronto para acolher a Presença do Espírito e vós podereis, finalmente, Despertar.» 

Pedro Elias (in A chave de Andrómeda)




Nesta parte do escadório estão cinco lances de escadas, intervalados por patamares com fontes alegóricas aos cinco sentidos, pela seguinte ordem: VisãoAudiçãoOlfactoPaladarTacto.



  • Fonte das Cinco Chagas
A primeira fonte, a das Cinco Chagas lança numa concha em pedra cinco vertentes saídas dum escudo ornamentado na parte superior com os instrumentos da paixão.
Tem a seguinte inscrição: Purpureos fontes odium reseravit adoxum nunc in chrisrallos hic amargo vertit amor - «Fontes de púrpura abriu então o ódio amargo; agora o amor transforma-os aqui em cristais para ti».
  • Fonte da Visão
Na fonte da Visão existe uma estátua lançando água pelos olhos e tem na mão esquerda uns óculos. Três águias olham para o sol.
A estátua central é a imagem de um pastor com a mão sobre o peito e os olhos fechados. A inscrição é Vir prudens quasi in somnis vide et vigilabis. Eccles. C. 13, v. 17. - «Varão prudente, toma-as (as lisongeiras palavras) por um sonho e assim vigiarás».
  • Fonte da Audição
A fonte da audição, está representada por uma figura que lança água pelos ouvidos. Por baixo três cabeças de boi.
A estátua central é de um jovem a tocar cítara com a inscrição: Idithum. Qui in cithara pro phetabat super confitentes et laudantes dominum. Paral. 25, 3. - «Que cantava ao som da cítara, presidindo os que cantavam e louvavam o Senhor».

  • Fonte do Olfacto
Na fonte do Olfacto a figura da fonte deita água pelo nariz, tem nas mãos uma caixa aberta e de cada lado um cão.
A estátua por cima da fonte é de um varão sustendo a capa com a mão direita e pegando numa flor com a esquerda e a inscrição: Vir sapiens. Florete flores quasi lilium e date odorem. Eccl. 39, 19. - «Varão sábio. Dai flores como o lírio e rescendei suave cheiro».



  • Fonte do Paladar
Na fonte do paladar a figura deita água pela boca e tem na mão esquerda uma maçã e de cada lado um macaco.
A estátua central representa José do Egipto com um cálice na mão direita e um prato com frutas na esquerda e a inscrição Joseph. De benedictione domini in terra ejus, de pomis coeli, et rore. Deuter. 33, 13. - «A tua terra seja cheia das bênçãos do senhor, dos frutos do céu e do orvalho».

  • Fonte do Tacto
Na fonte do Tacto uma figura tem uma bilha segurada por duas mãos, donde cai água, sendo as aranhas os animais simbólicos.
A estátua central da fonte é de Salomão, segurando o ceptro, com a inscrição: Salomão. Venter meus intremuit ad tactum ejus. Cant. Cap. 5, v 4. - «Salomão. As minhas entranhas estremeceram ao seu toque».

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escad%C3%B3rios_do_Bom_Jesus


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Exercitar o Coração no Bom Jesus do Monte

«Sobre a encosta frondosa de Braga brota um magnífico santuário religioso: o Bom Jesus do Monte, um obra de Carlos Amarante que evoca o amor a Deus com a sua imensa escadaria de granito ladeada de muros brancos, fontes e estátuas retratando figuras bíblicas e simbólicas e que conduz a uma igreja no topo com vistas soberbas. Para lá chegar existe o elevador movido a água e os extraordinários 17 lanços de escadas com 1001 degraus, que divergem e convergem ao lado de vasos, estátuas e fontes realmente impressionantes.»

Hoje foi dia de exercício para o coração... e nada melhor do que subir e descer a escadaria do Bom Jesus do Monte.


Deixa-se o carro cá em baixo, perto da entrada e saída do elevador.


E sobem-se 17 lanços de escadas com 1001 degraus... que a subir e a descer passam ao dobro!


Aqui faz-se uma pausa, até porque a paisagem quer para cima, quer para baixo, é magnífica!


A cidade de Braga estende-se aos pés do Bom Jesus...


E chega-se ao Santuário.


Prolongando a visita, mais acima, chega-se ao lago. Agora a hibernar...


Uma pausa para ver "Braga por um canudo" (que deixou de existir no miradouro), apanhar um restinho de sol quentinho, descansar as pernas lendo um pouco e, ainda, tomar um chá na esplanada do café. 


E toca a descer o escadório dos cinco sentidos... bem exercitados nestes lances todos: os olhos na paisagem, os ouvidos nos pássaros, o nariz nas plantas, a boca na água, 
 e as mãos na máquina fotográfica.


Ainda dá para cavaquear um pouco com os estudantes da UM... também eles, alunos exímios no exercício do coração, nos amores que bebem destas fontes... (a universidade fica ali tão perto...!)


Duas horas e meia depois, desta escalada solitária, e antes que a noite arrefecesse os ânimos, eis-me chegando ao ponto de partida onde me aguardava o meu 'rocinante'. Ainda uma cavalgada de meia hora até Vila Nova de Famalicão, bem a tempo de fechar as janelas e acender a lareira, nesta tarde do dia 10 de Janeiro do ano de 2012.



Escadórios do Bom Jesus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ao longo do escadório erguem-se as capelas que representam a Via Sacra do Bom Jesus.Os Escadórios do Bom Jesus do Monte localizam-se no Santuário do Bom Jesus do Monte, na freguesia de Tenões, na cidade, concelho e distrito de Braga, emPortugal. Ligam a parte alta da cidade ao Santuário, vencendo um desnível de 116metros de altura, e seguem um percurso paralelo ao do Elevador do Bom Jesus.
Estão divididos em três grandes lanços: o chamado "Escadório do Pórtico", o "Escadório dos Cinco Sentidos" e o "Escadório das Três Virtudes".








Pedro Elias
Colocado por: Pedro Elias em Segunda, 09 Janeiro 2012 em Pensar Diferente
Na trilha do discípulo, quando este busca o encontro consigo mesmo e depois com o cosmos, várias são as fases nesse caminhar. Depois do despertar para a sua condição de Ser Espiritual, depois do levantar dos primeiros véus que lhe revelam uma realidade para além do jogo tridimensional, o discípulo – aquele que aspira a se tornar um Servidor – deixa os grupos gregários do mundo e parte na busca de outros caminhos mais de acordo com a sua nova condição.

Nessa busca ele encontra outros grupos, grupos de natureza espiritual, e aqui começa a sua saga, onde ele terá que aprender a quebrar os primeiros espelhos daquele que desperta para a sua verdadeira realidade, compreendendo que esses grupos, supostamente evolutivos e capazes de satisfazer as suas novas necessidades, são igualmente gregários, condicionadores da sua própria evolução, capazes, por isso mesmo, de o estagnar na caminhada por ele empreendida.
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