"Com Portugal no Coração"
Assim começou o meu dia de 15 de Setembro de 2012.
Na noite anterior, ao abrir a janela do quarto deparei com uma estrela cadente. Sorri, pensei: "algo de bom vai acontecer..."
Acordei com uma alegria transbordante, não me lembrei se tinha sonhado (geralmente lembro-me dos sonhos).
O meu coração não me enganava: "algo de bom iria acontecer".
Liguei o computador e vim aqui no blogue reviver "Corações ao Alto" da manifestação de 12 de Março, da Geração à Rasca.
Foi, então, que me pus a cantar com a Dulce Pontes, a canção "Amor a Portugal".
Muito emocionada, por volta da uma da tarde, escrevi uma mensagem no telemóvel, para a minha irmã gémea:
"Hoje anda amor no ar... Até choro. Vai ser mt bom. Vou no comboio das 15h. Está mt calor."
E assim foi.
Na estação de comboio, em Vila Nova de Famalicão, a fila para tirar o bilhete era grande, não tivemos tempo de o comprar. Entrámos no comboio, alguns sem bilhete. O revisor não apareceu em toda a viagem, só mesmo em S. Bento passou, todo risonho, olhando com satisfação para aquela gente que foi entrando em todas as estações e apeadeiros e se apinhava... numa algazarra determinada, alguns de cartazes enrolados debaixo do braço e capacetes a dizer "BASTA".
Dois italianos, sentados à minha beira, observavam e comentavam: "há muita gente porque é sábado."
Lembrei-me do poema de Vinicius de Moares: "Porque Hoje é Sábado" - (Dia da Criação)
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Chegada à avenida dos Aliados, no Porto, foi este o espírito que encontrei:
"Um renovar de esperanças" - como se a criação estivesse por um fio...
e quem participou, sabia disso, independentemente de ser sábado, dia de calor intenso, de comboios apinhados de gente...
porque a vida vem em ondas...
como o mar.
Foi esta a onda que eu segui, a que o meu coração apontou!
Gosto de marés vivas... porque são as que não deixam a nossa Alma morrer!
ASSIM, SE CUMPRA PORTUGAL!
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Fernando Pessoa
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português,
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Fernando Pessoa
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