Fotografia do "Rio Cávado, no Gerês"

domingo, 20 de junho de 2010

Ponte de Lima - Solares de Portugal


Em pleno coração do vale da Ribeira do Lima, a 23 quilómetros de Viana do Castelo, o concelho de Ponte de Lima é o Minho em toda a sua rusticidade e beleza paisagística. Terra plena de história, situada na antiga via militar Braga-Tui, pertenceu, até ao reinado de D. Afonso Henriques, à Diocese de Tui.

Dona Teresa foi quem primeiro lhe concedeu foral, em 1125, ordenando a realização de uma feira de modo a fixar a população e promover a economia. Posteriormente, no século XIV, D. Pedro I protegeu e fortificou a vila que, no reinado de D. Fernando, era o ponto mais seguro da defesa do Norte de Portugal.

Vila lendária e senhoril, na idade média era uma singela cidadela muralhada e ameada, com 600 metros de perímetro, 10 torres, 2 cubelos e 6 portas. Da sua história fazem parte as monumentais ruas com fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas e a notoriedade da arquitectura religiosa que levaram a que, em 1995, Ponte de Lima fosse distinguida com o Grande Prémio Europeu do Turismo e do Ambiente.

Implantada na região do vale do Lima e debruçada sobre o rio que lhe conferiu o nome, a vila de Ponte de Lima possui um conjunto de características paisagísticas únicas que desde sempre conferiram a esta vila do Alto Minho uma originalidade e uma especificidade muito próprias.

O seu passado histórico, marcado por uma forte referência medieval que ainda hoje se vê traduzida no traçado urbano da vila, teve como suporte uma estrutura económica baseada no carácter comercial e mercantil que se viu reforçada, quando em 1125 D. Teresa lhe conferiu foral institucionalizando a Feira que, tal como hoje, se estende pela frente urbana da vila bordejando o Lima.

Foi praça forte de D. Pedro e D. Fernando e desempenhou um papel importante no tempo de D. João I. O rio, ponto de referência e eixo ordenado da vila, foi até ao dealbar do século XX uma via de comunicação muito activa, estabelecendo a ligação da vila com os centros urbanos do litoral e do interior do vale. Atravessado por uma ponte medieval, construída a partir de uma romana, que estabelecia os contactos entre as duas margens e permitia a ligação da vila, por terra, a outras paragens, tendo muitas vezes servido como passagem obrigatória dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela.

Não foge à evolução que por força destas circunstâncias se verificaram ao tempo de D. João V, como sucedeu com outros centros de maior dimensão. Será graças a esse movimento de efervescência económica que o concelho se vê brindado por notáveis construções arquitectónicas religiosas e cívis.


 




Rio Lima



Rio luso-espanhol que atravessa toda a região do Minho. Integra a bacia hidrográfica internacional mais pequena do nosso país.

Nasce em Espanha, na província de Orense, a cerca de 950 metros de altitude, e desagua no oceano Atlântico, junto a Viana do Castelo, depois de ter percorrido no total cerca de 109 quilómetros. Em Espanha percorre 41 quilómetros; entra, depois, em território português, no vale criado através da serra do Gerês e da Peneda e percorre, até à sua foz, 62 quilómetros. A bacia do Lima tem uma superfície de 2200 km2, sendo 1100 km2 em Portugal; é limitada a norte pela bacia hidrográfica do rio Minho, a este pela bacia do rio Douro e a sul pelas bacias dos rios Âncora e Cávado. A altitude da bacia do Lima varia entre os 0 e os 1527 metros (na Serra do Larouco). O escoamento anual na foz do rio Lima é, em média, de 3298 hm3, correspondendo a 1598 hm3 em Portugal e o restante em Espanha. Estima-se que a bacia hidrográfica do rio Lima, em território nacional, apresente uma capacidade total de armazenamento de recursos hídricos na ordem dos 400 hm3, em regime regularizado. A bacia hidrográfica do rio Lima é a bacia portuguesa que dispõe de mais recursos superficiais anuais médios por unidade de área. O principal afluente em Portugal é o rio Vez, situado na sua margem direita, com um comprimento de 39 quilómetros e drenando uma área de 263 km2.




A Cidade do Sonho




Sofres e choras? Vem comigo! Vou mostrar-te

O caminho que leva à Cidade do Sonho...

De tão alta que está, vê-se de toda a parte,

Mas o íngreme trajecto é florido e risonho.



Vai por entre rosais, sinuoso e macio,

Como o caminho chão duma aldeia ao luar,

Todo branco a luzir numa noite de Estio,

Sob o intenso clamor dos ralos a cantar.



Se o teu ânimo sofre amarguras na vida,

Deves empreender essa jornada louca;

O Sonho é para nós a Terra Prometida:

Em beijos o maná chove na nossa boca...



Vistos dessa eminência, o mundo e as suas

[sombras,

Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol;

O mais estéril chão tapeta-se de alfombras,

Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol.



Nela mora encantada a Ventura perfeita

Que no mundo jamais nos é dado sentir...

E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita,

A própria Dor começa a cantar e a sorrir!



Que importa o despertar? Esse instante divino

Como recordação indelével persiste;

E neste amargo exílio, através do destino,

Ventura sem pesar só na memória existe...



António Feijó, in 'Sol de Inverno'




quarta-feira, 16 de junho de 2010

Procissão de Santo António - VNF




Uma tradição que se vai mantendo, a Procissão:

Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!

Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

António Lopes Ribeiro

sábado, 12 de junho de 2010

Caminhada Camiliana 2010

Inserida nas Antoninas de Vila Nova Famalicão, no dia 10 de Junho realiza-se a Caminhada Camiliana, quer chova ou faça sol.

Esta foi a quinta caminhada...

Da Estação da CP de Famalicão até à Casa de Camilo, em Seide, uma marcha lenta e ilustrada dá vida ao escritor, marcando um trajecto efectuado por ele.

Vestidos a rigor ou simplesmente "caminhantes", a comitiva segue Camilo Castelo Branco, relembrando aquele que fez jus à Pátria e a Camões, no enriquecimento do património literário português.

Percorrendo as ruas centrais de Famalicão é efectuada a 1ª paragem nas portas de Seide, os cantares ao desafio fizeram eco e uma nuvem negra deixou cair a primeira chuvada - ainda bem que estávamos debaixo do viaduto da variante Famalicão-Braga. Mas a ameça tornou-se real e foi uma correria à procura de outro abrigo... debaixo do próximo viaduto - o da autoestrada  A3. Até o burro se riu...




E já perto da casa de Camilo, uma outra pausa, desta vez no Solar de Pouve, referenciado no romance de Camilo: "O Senhor do Paço de Ninães" - um rival nos amores do Senhor de Pouve...

Mas foi o "Lobisomem", representado pelo grupo de teatro amador camiliano "GRUTACA", que rivalizou com a chuva... a ver quem escorraçava mais!







Como o bigode de Camilo já se descolava e as damas arrastavam os seus vestidos encharcados... até o burro acelerou o passso até chegar a "Casa".

Já no Centro de Estudos Camilianos, foram sorteados os brindes das carnes "Primor", contemplando alguns dos muitos caminhantes. Eu fui uma das felizes premiadas: chouriço, salpicão e um prato de barro - nada mau... quando a fome já apertava.