Fotografia do "Rio Cávado, no Gerês"

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Re-Nascer para um Novo Ano



A Luz que vem de um Portugal que há-de renascer de novo...

Ano de anis
Frutuoso
Sonho petiz
Chegando novo

Quero-te banhado
De esperanças viris
Justo e honrado
Sonhando eu quis

Venho pedir
Não sejas um fado
Faz-te porvir
Salário igualado

Vende a saudade
Do teu passado
Inventa vontade
De um passo renovado

Dá-nos certeza
Enterra a maldade
Pinta a pobreza
De cor dignidade

Quero ser mais feliz
Também este povo
Faz o País
Viver ano novo!

(Batendo à porta do Ano Novo)

Um poema de Ausenda - Utopia das Palavras
http://poemas76.blogs.sapo.pt/2008/12/


2009...em Guimarães! 


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

E que o "Natal" vá para o Espaço...







O NATAL NÃO É ORNAMENTO


O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade


O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande


O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções


O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!


Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará


Um poema de José Tolentino Mendonça

domingo, 18 de dezembro de 2011

Como vai o nosso respeito pelos animais?

"Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano integral."
Abraham LincolnPhotobucket

Chegará um dia no qual os homens conhecerão o íntimo dos animais; e nesse dia, um crime contra um animal será considerado crime contra a humanidade.
Leonardo da Vinci
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A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.
Mahatma Gandhi
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O menino que sofre e se indigne diante dos maus tratos infligidos aos animais, será bom e generoso com os homens.
Benjamim FranklinPhotobucket
A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem.
Arthur Schopenhauer
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"Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto quem chuta ou maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar" Chico Xavier
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Os animais que você come não são aqueles que devoram outros, você não come as bestas carnívoras, você as toma como padrão. Você só sente fome pelas criaturas doces e gentis que não ferem ninguém, que o seguem, o servem, e que são devoradas por você como recompensa de seus serviços
Jean-Jacques RousseauPhotobucketNão  há diferença fundamental entre o Homem e os animais nas suas faculdades mentais(...) Os animais, como o Homem, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.Charles Darwin
PhotobucketNão importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer.Jeremy Bentham
Photobucket"Aos estudar as características e a índole dos animais, encontrei um resultado humilhante para mim."Mark TwainPhotobucketNão me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais Abraham Lincoln
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O homem implora a misericórdia de Deus mas não tem piedade dos animais, para os quais ele é um deus. Os animais que sacrificais já vos deram o doce tributo de seu leite, a maciez de sua lã e depositaram confiança nas mãos criminosas que os degolam. Ninguém purifica seu espírito com sangue. Na inocente cabeça do animal não é possível colocar o peso de um fio de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um terá de responder Gautama BudaPhotobucket
"Eis o que é terrível ainda mais que o sofrimento e a morte dos animais. É o facto de o homem, sem necessidade, suprimir a suprema susceptibilidade espiritual de sentir compaixão e piedade para com os seres vivos como ele. É o facto do homem se tornar cruel violando as leis da Natureza matando para comer."Leon Tolstoi
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Se quiser falar ao coração dos homens, há que se contar uma história. Dessas onde não faltem animais, ou deuses e muita fantasia. Porque é assim – suave e docemente que se despertam consciências.
Jean de La FontainePhotobucket
Hoje em dia não pensamos muito no amor de um homem por um animal; rimos de pessoas que são apegadas a gatos. Mas se pararmos de amar aos animais, não estaremos na iminência de pararmos de amar os humanos, também?
Alexander SolzhenitsynPhotobucket
As criaturas que habitam esta terra em que vivemos, sejam elas seres humanos ou animais, estão aqui para contribuir, cada uma com sua maneira peculiar, para a beleza e a prosperidade do mundo.Dalai LamaPhotobucket
Se você fala com os animais eles falarão com você e vocês conhecerão um ao outro. Se não falar com eles você não os conhecerá, e o que você não conhece você temerá. E aquilo que tememos, destruímos.
Chefe dan George (Índio norte americano)Photobucket
"Dizem que quando o Criador criou o homem, os animais todos em volta não caíram na gargalhada apenas por uma questão de respeito."
Millor Fernandes







quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Serra da Estrela - Manteigas (11)

Para terminar esta viagem à Serra da Estrela, uma visita a Manteigas, visitando o viveiro das trutas e acompanhando sempre a belíssima margem do Rio Zêzere. 
Uma curta paragem ainda no parque de desportos radicais para admirar os esquiadores, já que há uma pista de sky artificial. 
E rumando novamente à Covilhã para 'apanhar' a filha, que saía das conferências na Universidade da Beira Interior.

Uma viagem para repetir, pelas belezas da serra que ainda se podem admirar.


Manteigas

Situada a aproximadamente 700m de altitude, num vale glaciar da Serra da Estrela, onde corre o rio Zêzere, a Vila de Manteigas, sede de concelho, é conhecida pela sua afamada indústria têxtil, e hoje em dia, pelo desenvolvimento turístico, dada a importância nesta área da Serra da Estrela. 
A região prima por uma beleza natural única, com paisagens absolutamente magníficas, que forneceram ao longo dos séculos a região com a matéria prima necessária para a produção dos seus produtos típicos: as pastagens para os rebanhos originarem a lã para os famosos têxteis e o leite para o conceituado Queijo da Serra da Estrela. 
A ocupação humana na região data de épocas bem anteriores à Era Cristã, mas não se conhecem muitos pormenores, sabendo-se que o primeiro foral de Manteigas foi atribuído pelo Rei D. Sancho I, em 1188. 


À saída de Manteigas pela Estrada Regional 338 encontramos o Viveiro das Trutas(Posto Aquícola da Fonte Santa) onde podemos apreciar belos exemplares da Truta Fário e Arco - Íris, que também se encontram no seu próprio habitat, Rio Zêzere, para fazerem as delícias dos amantes da pesca desportiva à truta.



Se não teve a sorte de visitar a Serra enquanto apresentava neve, pode sempre optar pela pista de ski sintética, no SkiParque, situado em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, no Sameiro (Manteigas). Estas pistas estão abertas durante todo o ano e oferecem a quem as visita a possibilidade de usufruir, a qualquer hora, de aulas de ski ou snowboard, com instrutores especializados. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Serra da Estrela - Vale Glaciar do Zêzere (10)

A paisagem mais  magnífica que pude apreciar na Serra da Estrela: o Vale Glaciar do Zêzere. Tanta beleza junta numa paisagem só!... 
As quedas de água que jorram das encostas, a estrada serpenteando a montanha e mostrando lá em baixo, o vale verdinho, onde ainda se podiam ver as cabritas a pastar. As casinhas dos pastores - e eu fui visitar uma a convite do pastor - tudo muito tradicional, a bondade espelhada nos rostos que me receberam: na do António, o pastor encostado ao seu cajado, no da Rosa, mulher do pastor, metida em casa a fazer queijos de cabra (que me ofereceu dióspiros, castanhas e a promessa de eu lá voltar para buscar um queijinho) e, ainda, a da cadela "Serra da Estrela", que me 'cheirou' amigavelmente.  
Tarde inesquecível!... 
A beleza é tanta, para ser apreciada neste passeio, que me apetecia por lá me reter, naquele vale ensolarado e verde, onde o murmurar do riacho é pura sinfonia para o meu ouvido...
E foi num encantamento puro que fui descendo até Manteigas.
Vle Glaciar do Zêzere na Serra da Estrela na corrida para as Sete Maravilhas Naturais.

O Parque Natural da Serra da Estrela, onde fica o maior Vale Glaciar da Europa, estende-se por 13 quilómetros de comprimento, serve de berço ao Rio Zêzere e alimenta rebanhos de cabras e ovelhas.

Alto Zêzere
O alto Zêzere ocupa um antigo vale glaciário instalado ao longo de uma falha de orientação sudoeste-nordeste. A nascente situa-se no circo glaciário, que define uma sucessão de três covões (ombilics), depressões mal drenadas: Covão CimeiroCovão d'Ametade e o pequeno Covão da Albergaria.
Rio Zêzere é um rio inteiramente português. Nasce na serra da Estrela, a cerca de 1900 m de altitude, junto ao Cântaro Magro. Ainda na zona da serra da Estrela, passa por Manteigas e próximo da cidade da Covilhã, seguindo depois para sudoeste, confluindo com o rio Tejo a oeste de Constância, após um curso de cerca de 200 quilómetros.
O rio Zêzere é o segundo maior rio exclusivamente português, após o rio Mondego.


domingo, 11 de dezembro de 2011

Serra da Estrela - Lago do Viriato (9)

A seguir às Penhas da Saúde, seguindo na direcção da Torre, encontra-se uma barragem, à esquerda, envolvida numa paisagem lindíssima, onde tudo inspira tranquilidade: é o Lago do Viriato.




TRILHO DE VIRIATO (7Km) - 3 horas
As Penhas da Saúde são uma estância de turismo a 1.500 metros de altitude óptima para repouso, pois proporciona ar puro e clima saudável.
Siga pela estrada até encontrar o Lago Viriato, cujas águas abastecem a Covilhã.
Continue a subir pela EN339, passando o cruzamento para Manteigas, até encontrar em baixo à direita, a Nave de Santo António (1.550 metros).
Continuando pela estrada, vamos encontrar na curva imediatamente a seguir, à esquerda, a Barragem do Covão do Ferro, também conhecida por Barragem do Padre Alfredo.
Junto à Barragem parte o caminho que sobe a encosta até à nascente do Terroeiro, no lado de Unhais, entre piornais, urzes e amontoados de pedras que rolaram da vertente e por entre as quais se ouve o correr das águas.
Continue em lacetes até encontrar uma passagem estreita entre as fragas que se destacam. E... respire fundo!...
Quinhentos metros mais à frente, do lado esquerdo, é a vista sobre Unhais da Serra e as montanhas xistosas da Lousã que maravilham o nosso olhar.
Continuando entre zimbrais e cervunais, sem caminho marcado, siga para Norte até chegar à Torre a 2.000 metros de altitude.
http://www.cm-covilha.pt/simples/?f=3225

sábado, 10 de dezembro de 2011

O meu Pai___em mim!

Porque faz hoje 28 anos que meu pai partiu, com 78 anos de idade - a 10 de Dezembro de 1983.
E, porque a memória nos encaminha para paisagens esbatidas pelo tempo...
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Esta é a história de um homem simples, mas de grande importância para mim, por se tratar do meu pai: 
Manuel Joaquim Ramos, nascido a 4 de Dezembro de 1905, em Taíde, Póvoa de Lanhoso, filho de António Ramos e Virgínia Peixoto, comerciantes em Porto D'Ave. 
Como era comum numa família numerosa, entregavam-se dois filhos à vida religiosa, para que toda a família prosperasse: um padre e uma freira. Assim aconteceu com a irmã mais nova de meu pai: Maria da Natividade. O destino de meu pai teria sido idêntico, já que cedo rumou a um seminário a Braga, mas não sendo um aprendiz convicto da vida celibatária, trocou as vestes litúrgicas pela capa e batina de estudante, tendo abandonado o seminário e completado o 7º ano no liceu Sá de Miranda. 
Passava ele férias em casa de seu tio, Sebastião Ramos, no Pico de Regalados, em Vila Verde, quando conheceu a minha mãe. Já estava preparado para dizer a 1ª missa quando lhe foram encontradas as cartas que lhe escrevera, razão pela qual abandonara a futura vida eclesiástica e se dedicara a criar a numerosa família de que foi o progenitor.  
Por imposição familiar acabou por ingressar no Magistério Primário e ter sido colocado em Trás-os-Montes, Lousa - Moncorvo, onde para além das suas funções de professor primário, fez o papel de "juiz", prestou "socorro médico e veterinário", até de parteiro, segundo o que a minha mãe contava. Ele e o padre é que acudiam a todos os problemas na aldeia, como pessoas mais instruídas, eram o suporte para as gentes que viviam isoladas, longe de tudo, isto numa altura em que a carência era enorme, em todos os aspectos.
Viveu na Lousa cerca de dez anos, tendo depois concorrido para a Vila das Aves, local onde exerceu a sua profissão até à reforma. Trabalhou até aos 70 anos de idade, com 40 anos de serviço público, teve 13 filhos, dois dos quais falecidos na Lousa. 
Iluminou muitas cabeças de jovens rapazes que por ele passaram, abrindo portas a futuros mais promissores. 
Educou os filhos com valores elevados, valorizando a honestidade e a integridade em todos os sentidos. 
Eu, como filha mais nova, presto-lhe aqui a minha homenagem e avivo a memória da sua passagem pela vida terrena.

  "...esta curta mas longa história (as palavras quando entram na corrente do pensamento, estendem-se por horizontes inimagináveis)..." como muito  bem comentou um meu irmão.

Tanto que haveria ainda por contar!... Retalhos de vidas que, unidos, formam
 a linda manta - única - de que somos todos compostos.



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Retrato dos meus pais quando jovens:
Manuel Joaquim Ramos e Laurinda da Anunciação de Sousa Lima



Fotos de meu pai quando jovem professor e pai, dos dois filhos que morreram na Lousa, do nascimento das gémeas (as mais novas de 11 filhos vivos), dos casamentos de alguns dos filhos, dos 3 primeiros netos da filha mais velha... e dos pais nos últimos tempos de vida.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Serra da Estrela - De Tortosendo ao Fundão(8)

Uma voltinha pelos arredores da Covilhã, uma passagem por Tortosendo e pelo Fundão, para avivar memórias: lembranças da infância de uma amiga, em Tortosendo, e no Fundão uma recordação de um encontro em 2008, com amigos que só conhecia pela Internet.
Emoções que surgem no coração e nos levam aos locais próprios.



Em 1927 o Tortosendo foi elevado a Vila, tendo neste ano sido inaugurada a rede eléctrica na vila. Os teares mecânicos, movidos a outras formas de energia deram lugar a teares eléctricos, levando à melhoria da produção, em qualidade e quantidade. A partir desta data o progresso é vertiginoso. Algumas das suas fábricas adquirem fama no país. Os empresários e até certo ponto a Vila conheceram uma época de abundância que se prolongou até à década de 50. Ainda em 1955 havia no Tortosendo 19 fábricas de lanifícios com um número total de 502 teares, 27 caneleiras, 8 meadeiras, 22 bobinadeiras e 8 urdideiras.

Fundão é uma cidade portuguesa no Distrito de Castelo Brancoregião Centro e sub-região da Cova da Beira.
A cidade é um centro local importante de comércio, serviços e indústria. O concelho compreende parte das terras mais férteis da região, o grande vale da Cova da Beira, onde passa o Rio Zêzere e as suas numerosas ribeiras afluentes. São feitas grandes produções de cerejas e ginjaspêssegosazeite e vinho.
Existem minas de Volfrâmio (mineral do qual se extrai o metal Tungsténio), naPanasqueira(pertencentes ao concelho da Covilhã, mas as suas gentes também faziam vida no Fundão (Silvares)), de entre as mais importantes do seu tipo do mundo, também de chumbo e estanho. Existem quantidades de prata e ouro. A suaÁgua Mineral é das mais vendidas em Portugal.
Á saída norte para a Covilhã ao longo da EN 18 desenvolveram-se várias industrias e comércios de interesse até a nível nacional como a transformação de madeira, granitos, vidro e piscinas. Nesta zona existem vários hotéis, restaurantes e piscinas com interesse turístico.


De regresso à Covilhã...

Serra da Estrela - Tortosendo - "Carta à Fani"


"Carta à Fani"

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(Hoje faz 43 anos que me casei... estou só na foto porque o meu Luis não está connosco... está comigo... e eu ainda não sou capaz de o expor... estou-me a ver ao espelho e são duas "Fanis" porque eu fui feliz a dobrar... fui muito amada. - Fani, em 15/09)

Uma lágrima assomou ao olho e uma comoção enorme ao coração... estava em Tortosendo, a terra que vira nascer a Fani. E eu pensava que jamais visitaria as 'lembranças' da minha amiga...

Tanto me lembrei de tudo o que contaste sobre a vida dura daqueles tempos... os tempos que transformaram a neve em lã no teu coração: o imaginar-te assim, pequenina, como sempre o foste, mas ladina, com o desejo enorme das histórias contadas e imaginadas que ias sorvendo à luz da vela, os afetos que perdeste e ganhaste com a partida antecipada da tua mãe, o teu pai que se revoltava contra o fascismo e lutava por uma vida mais digna, ganhando em troca a prisão pela PIDE, o irmãozinho que criaste como se fora teu filho, o enorme coração que cresceu mais que a medida da tua altura de gente... tudo isso não saiu nem por um momento da minha mente. 
Tentei rever-te ali, naquela terra que assistiu aos teus primeiros passos... e deu-me a sensação que pouco achei, procurei nas casas humildes e senhoriais, que se avistavam da estrada, na fábrica em ruínas, na praceta, nas pessoas que poderiam assemelhar-se à tua vivência, mas não tive eco! 

Só o rio.. o rio Zêzere me falou de ti... porque riu alto, saltou pelas pedras com aquela alegria cristalina de quem sabe sempre que tem um destino à sua espera e nada o poderá travar... ele, sim, tinha a tua garra, a tua paixão pela vida, a tua estatura no olhar, por saber contornar todos os obstáculos... (lembras-te como te elevas 'em bicos dos pés' quando queres que a tua voz sobressaia sem microfone? Pois eu lembro-me - no Dia da Mulher, aqui em Famalicão - e noutros momentos). 

Não me esquecerei nunca da "professora" perdida no meio da floresta encantada dos seus príncipes... aquela que eu 'percebi' na sala de aula que partilhavas comigo - e, quando te procurava entre os pequenos achava-te tão pequena quanto eles, todos sentados no estrado da sala, envolvidos nas mais belas histórias que ainda não tinham ouvido... e eu também não, como quando me falavas da tua infância, porque eras real, tangível, porque o sentimento expressava-se em todo o teu corpo... nas tuas memórias, nas leituras que fazias da "tua amada Serra". 
Fani, és a mulher dos "Afetos"... dos teus netos, dos filhos teus e dos outros, do teu amado Luís..., na mais terna canção de amor que a Estrela da Serra te pôde oferecer para quando fosses grande (e como o foste!)...
Tu és o livro vivo, a verdadeira história de encantar!...
Ler-te... é um prazer!



Em 1927 o Tortosendo foi elevado a Vila, tendo neste ano sido inaugurada a rede eléctrica na vila. Os teares mecânicos, movidos a outras formas de energia deram lugar a teares eléctricos, levando à melhoria da produção, em qualidade e quantidade. A partir desta data o progresso é vertiginoso. Algumas das suas fábricas adquirem fama no país. Os empresários e até certo ponto a Vila conheceram uma época de abundância que se prolongou até à década de 50. Ainda em 1955 havia no Tortosendo 19 fábricas de lanifícios com um número total de 502 teares, 27 caneleiras, 8 meadeiras, 22 bobinadeiras e 8 urdideiras.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Serra da Estrela - Covilhã (7)

E chegadas à Covilhã... ao destino a que nos propúnhamos, rondamos a cidade numa  'calorosa' noite dos finais de Novembro.

De noite, encontramos a Mãe - a Estrela da Serra. 

No solarengo dia seguinte, visitamos o Pêro... o da Covilhã, figura imponente, majestosa... a deixar-nos reduzidas à nossa insignificância... na demanda do reino de Preste João.

Mas percorrer a cidade traz também o 'aperto no coração', pelas memórias de outros tempos... muito duros... em que a neve rivalizava com a lã,  tão bem descritas pelo escritor "Ferreira de Castro".




Covilhã é uma cidade portuguesa, porta da Serra da Estrela, com cerca de 34 mil habitantes... 
Situada na parte sudeste da Serra da Estrela, a área urbana da Covilhã possui altitudes que variam de 450 a 800 metros. É também a cidade portuguesa mais proxíma do ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre (1.993 metros), distando cerca de 20 km do cume da Serra da Estrela. A Torre pertence aos concelhos de Covilhã, Manteigas e Seia. A Torre também dá o nome à localidade onde está situada, a parte mais elevada da serra.
É a terra da indústria da lã, de cariz operário, berço de descobridores de quinhentos, hoje uma cidade com Universidade pública.
É uma cidade de características próprias desde há séculos, conjugando em simultâneo factos interessantes da realidade portuguesa.


Num estudo elaborado pelo jornal Expresso, sobre a qualidade de vida nas cidades portuguesas, a Covilhã ocupa a 14ª posição, situando-se à frente das restantes cidades do interior do país.






Pêro da Covilhã

Viajante português do século XV. Foi enviado à Índia e à Etiópia por D. João II, em 1487, a fim de recolher informações acerca do Preste João e das rotas do comércio das especiarias. Ia com ele Afonso de Paiva, de quem se separou em Adém. No ano seguinte, Pero da Covilhã esteve em Goa, Ormuz e Calecute, percorrendo depois a costa oriental de África. Fazendo chegar ao rei, através de um emissário, as informações recolhidas, partiu em 1492 do Egito para a Etiópia, onde morrera entretanto Afonso de Paiva e onde Covilhã também morreu.

http://www.infopedia.pt/$pero-da-covilha

A Lã e a Neve



Romance de Ferreira de Castro publicado em 1947. Retrata a dura realidade da vida do povo, através do relato da vida de Horácio. No sonho de construir uma casinha decente, esta personagem abandona a pastorícia da Serra da Estrela, onde lutava contra as tempestades, e vai para a fábrica da Covilhã, onde tem de lutar contra a prepotência dos capitalistas.
http://www.infopedia.pt/$a-la-e-a-neve



Do «Pórtico» de A LÃ E A NEVE (1947)
[...]
No começo do Verão, antes de demandar os altos da serra, ovelhas e carneiros deixavam, em poder dos donos, a sua capa de Inverno. E começava a tecelagem. O homem movia, com os pés, a tosca construção de madeira, enquanto as suas mãos iam operando o milagre de transformar a grosseira matéria em forte tecido. Constituía o acto uma indústria doméstica, que cada qual exercia em seu proveito, pois a serra não dava, nessas recuadas eras, mais do que lã e centeio.
[...]
Um dia, tudo se revolucionou. Já não se tratava de melhores debuxos, de mais gratas cores, mas de coisa mais profunda -- da produção automática. Lá nas nevoentas terras inglesas o padre Cartwright inventara o tear mecânico. A água fazendo girar grandes rodas, começara a produzir o movimento dado, até aí, pelos pés do homem. Mas continuam a ser precisos os homens junto das novas máquinas.
[...]
Os homens passavam os dias e as noites dentro das fábricas só saindo aos domingos, para esquecer o cárcere. Já não viam as ovelhas, nem ouviam os melancólicos tanger dos seus chocalhos nos pendores da serra, ao crepúsculo; viam apenas a sua lã, lã que eles desensugavam, cardavam, penteavam, fiavam e teciam, lã por toda a parte.
[...]
No século XX, mais do que sons de flautas pastoris descendo do alto da serra para os vales, subiam dos vales para o alto da serra queixumes, protestos, rumores dos homens que, às vezes, se uniam e reivindicavam um pouco mais de pão.

FERREIRA DE CASTRO - A Lã e a Neve, 15.ª edição, Lisboa, Guimarães Editores, 1990.


http://www.ceferreiradecastro.org/?id=2.2.1.7.5