Relembrando...
... Um lugar quase perdido na memória da minha infância.
O portão estava aberto, a força da água tudo pode!...
Ó barquinha, ó minha barquinha,
Não vás sozinha pelo rio fora
Leva, então, o meu coração
e bate ao portão do peito onde ele mora.
(como eu cantava neste tempo de infância)
Rio Ave, Vila das Aves, Fevereiro de 2010
(da terra onde nasci)
Lugar sentido
...da casa onde nasci, já em ruínas,
...das casas onde brinquei com vizinhos e amigos,
...da escola onde completei a primária,
...do velho cinema onde assisti a tantos filmes,
...do largo onde ia, alegre, à feira de sábado,
...da igreja onde fui baptizada e fiz comunhões,
...dos rios que me ladearam: o Vizela e o Ave,
...dos piqueniques e banhos nas Termas do Amieiro Galego, hoje abandonadas,
...dos passeios no velho barco a remos.
...e das cheias que arrastaram tudo nas águas dos rios.
- E isto é só um pouco das emoções vividas nos primeiros 15 anos de vida.
De nada eu tinha medo...tudo era uma aventura.
A Grande Aventura da Vida começou aqui:
Lugar sentido
Imaginei-o um rio
E tenho saudade
Desse lugar (im)perfeito
Onde a terra me é vaidade
Prenúncio da minha harmonia
Da pele que de sol aquecida
No abrigo da poesia…
Era esse lugar que eu lia
Ah é esse o meu lugar…
Tem prados e letras pachorrentas
Tem manhãs de medronho
Montanhas de versos
e improvisos
e tem…vento!
Esse é o meu lugar
Com chão de giesta e mar ao pé
Tem de poesia o pulsar
E gorjeios de maré
Hoje não o senti
E o meu coração ficou mudo
Crendo que o esqueci…!
Um poema de Ausenda,http://poemas76.blogs.sapo.pt/
11 comentários:
Água nos lugares sentidos dos sonhos lembrados.
Barquinhas carregadas de sonhos...que nos trazem aos lugares sentidos...
Quer seja em Vila das Aves, aves roçagando as saudades da Lucy dos lugares do sonho, quer seja a Moura, perdão, a grande poeta Ausenda, artífice das palavras trabalhadas em renda ou em ponto cruz com linha cor de rosmano, é das águas que falamos. Ambas fartas águas. Uma ao Norte. Outra ao sul, na Ria Formosa.
No meio, fica o beduíno. O deserto. O vento suão. A sede. A pouca água. Mas mesmo assim também cantando lembrando os lugares sentidos, perdidos...
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A ribeira quando enche
vai de pedrinha em pedrinha
o homem que leva a barca
levó meu bem na barquinha
-
Levó meu bem na barquinha
leva tudo o que pertence
Vai de pedrinha em pedrinha
a ribeira quando enche
-
Ou então, esta, mais modernaça:
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Dá-me uma gotinha d'água
dessa que eu ouço correr
Entre pedras e pedrinhas
Entre pedras e pedrinhas
Alguma gota há-d'haver
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Alguma gota há-d´haver
para molhar a garganta
Quero cantar como a rola
quero cantar como a rola
como a rola ninguém canta
-
Como a rola ninguém canta
Nem sequer a cotovia
Quero ver esses teus olhos
quero ver esses teus olhos
qu'há muito tempo não via...
-
Habituado à sobriedade das águas, sugadas na infância no bico dos cucharros da cortiça, ou debruçado nos meses de Agosto nas terras de xisto com as estevas e os gafanhotos por companhia... como não ficar deslumbrado com tanta catarata que esta Lucy nortenha nos oferece com tanta generosidade e fartura. Bem hajam, ela e a moura, perdão, Ausenda, artrista das palavras rendilhadas...
De Valencia, onde faz frio e chove quanto baste, envio um grande abraço aos meus amigos blogueiros.
Lucy
Sempre o meu encanto, mudo, quase silêncio sufocante! Grata!
Quase que não reconhecia o meu lugar, perante a beleza do teu!!!
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Desertos de espigas e papoilas, onde voam as garças nas rendas do vento suão,ao sabor pleno dos olhos da água que sente saudade da imensidão de além Tejo!
Poeta, poeta, poeta sim, corre-te nas veias a sensibilidade de um rio, onde todos os lugares sentidos, só o são quando as tuas palavras de água os exaltam!
Beijos
Olá Lucy, feliz dia da Mulher.Beijocas.
Olá Lucy!
Lindas imagens...chega a ser uma mesmice dizer que suas imagens são lindas! Mas ainda não inventei nenhum outro jeito de falar o que me vai no coração...sinto a beleza jorrando, expandindo, me preenchendo!
Beijo para Valencia...palco de boas recoradações!
Volte logo...bem e feliz!
Um beijo querida.
Astrid Annabelle
Também eu embarquei nesta viajem. Descrevê-la bem não sei...passei por onde tinha que passar e não sei até que ponto "essa viagem" tem regresso - não tem! - mas, ficaram as memórias do melhor que aconteceu em mim!
Beijos da Nela
É uma delícia!...
Estas imagens, já de si carregadas de sentimento, complementadas pelas palavras que lhe retocam os mais pequenos pormenores, esmagam o mais insensível nascido de recanto idêntico da natureza.
A toda esta beleza, acrescem os comentários que fazem deste sítio um agradável "cantinho poético".
Um abraço
Amigos sentidos!
Ao Eduardo, grande Poeta das Águas, aquele que não poderia deixar de sentir a corrente das palavras que lhe saem da alma.
À grande poeta Ausenda, que deixa sem palavras quem a lê, pela maravilhosa corrente de utopias.
À Fátima, porque silenciosamente sente quando o lugar é sentido.
À Astrid, que entende perfeitamente fortes "levadas de água", principalmente as do coração.
À Nela, que partilhou desta grande aventura, na viagem da nossa vida conjunta, mais que sentida pelas duas.
Ao Diamantino, que sentidamente dá valor aos "cantinhos de emoções", pois que neles sente o que a alma humana tem guardado dentro de si.
Estive em Valência quando da 1ª vez que coloquei esta mensagem aqui.
Agora retoquei-a porque senti ser o momento certo, aquele em que os rios carregam muita emoção à superfície das águas.
Um grande abraço a todos.
Fico sem palavras. Nem posso aliás abrir a boca: tanta água, como ela corre, da Natureza, e do talento poético da Moura da Formosa. E da Lucy, nortenha morgada que tem o génio das imagens que nos inebriam a alma. E de todos os colaboradores. E da Nela, que, mais nova, espiava em cima das árvores a mana namorando. E ...e..como é bom regressar aqui, onde a mordoma permitiu que figurassem canções populares do alentejo. Obrigado. Beijo a todos. Só há um defeito: a Lucy prometeu umas garrafas de binho berde,. E até agora, nada. É triste. Mas a amizade terna tudo perdoa.
Edu,
Ainda não vieste beber da fonte do 'binho berde' porque demoras muito tempo a atravessar a ponte, compadre. Mas do binho alentejano num falas tu.
Se a dama Nela cair da árvore é porque lhe deste a beber do teu tintol.
Entretanto, a água jorra de todos os lados e faz muito bem à saúde.
Já li o teu último poema e faço-te uma vénia. Vou roubar-to um dia destes, já que a meninice anda a descoberto e de alma lavada.
Tertúlia dos caminhantes, daqueles que sabem das rios e da beleza da terra...ah quanta ternura me cresce na alma, pela grata e terna descoberta de vós!
Pena que o Algarve não tenha concorrente à altura dos vossos néctares (Tintois)!!!
Beijos
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