OS AMIGOS
Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez, houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
– Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
Que cento e nove impávidos marotos!
Um poema de Camilo Castelo Branco
A casa chamada de Camilo foi construída por Pinheiro Alves, em 1830, quando regressou do Brasil, na posse de avultada fortuna.
A 17 de Março de 1915, um violento incêndio devorou completa e inexplicavelmente a moradia.
Formou-se uma Comissão de Homenagem ao Escritor que adquiriu em 17 de Abril de 1917, a Ana Rosa Correia e filhos, as ruínas e o quintal contíguo, bem como a livraria restante de Camilo, alguns autógrafos, correspondência de amigos e admiradores, mobiliário e objectos diversos.
Na reconstrução, a casa saíria muito adulterada, pois a instalação da escola primária da freguesia de Ceide no rés-do-chão e os requisitos técnicos a que para esse fim teve de obedecer, como a cubagem da sala de aula, alteraram-lhe certas características estruturais, em especial o pé direito e as janelas.
Concluídas as obras, a Comissão de Homenagem entregou á edilidade famalicense a casa reedificada, ficando esta responsável pelos encargos futuros das instituições ali fundadas: a Escola Primária e o Museu Camiliano. http://www.geira.pt/CMCamilo/
No dia 10 de Junho de 2008 houve a 2ª Caminhada Camiliana que foi entre a Estação da CP de Vila Nova de Famalicão e a Casa de Camilo (10 km). Um percurso que Camilo fazia sempre que viajava.
Fica aqui uma amostra figurada, Camilo em boa companhia com os Senhores da Época, com quem se relacionava, como Bernardino Machado.
Não faltou o burro-doutor (piada de Camilo), cantares ao desafio e o assalto do Zé do Telhado (amigo de Camilo).
10 de Junho de 2008 - Caminhada Camiliana
5 comentários:
Tu sabes como eu gosto de Camilo ( já to disse ). Por isso imaginas a alegria que senti ao ver as imagens e a excelente reportagem que aqui disponibilizas. Como eu gostava de ver esses lugares. Um dia irei. E o poema dele, tão realista.
Ah, gostei do burrinho. E lá estava também a referência tua ao Zé, o do telhado, terlhado onde tudo se passou, abençoado, debaixo das estrelas ( eh...eh...eh...). Ainda ma lembro pá, a Maria da Fonte, que partiu a cantarinha, e foi proibida de ir àquela festa do Minho, a festa das flores, em Vila Franca de Lima, salvo erro, e ela, triste, por não poder exibir a saia de tafetá, e as argolas de ouro fino, e a cesta de vime à cabeça, com as flores vermelhinhas, enquanto o Zé dizia: vermelhinhas? Eu cá quero é o verdinho da pipa...bom, mas isso foi há muito tempo...e nem sei se não será má educação ou sacrilégio colocar isto num blogue que é lido por gente culta e intelectual, e com princípios...Se ofender alguém, peço perdão!
Um beijo na mão ( para adocicar a má impressão...)
Bom fim de semana.
Eduardo
Beijos.
Eduardo
Lucy!Sabes admiro e gosto de Camilo,já muitas vezes passei junto a esta casa que agora está tão bonita,ele por aqui em Fafe escreveu algumas coisas,e existia aqui uma casa onde ele pernoitou algumas vezes, e teve muitos amigos por aqui,está na história local,mas já alguns anos essa mesma casa foi abaixo? coisas de presidentes de câmara,a nossa história é muito rica,pena é que muitos portugueses nada saibam da mesma.
Beijinho bfs
Lisa
Para nós que por Famalicão vivemos ou trabalhamos, o Camilo é do nosso quotidiano. Todos os dia nos cruzamos com a brasileira de Prazins ou com o cego de Landim.Olha LucY lia, sexta feira vamos jantar com o Camilo na Bernardino. Porque não apareces?
Belíssimo post...Lucy as imagens que expõe aqui deveriam ser divulgadas..são tão lindas!
Por que não abre uma página no Olhares?
Se me deixares farei um post com referência a este seu blog...isto se me deixares usar uma ou duas imagens suas (postadas com a devida autoria)...topas?
Um beijo grande.
Astrid
Bom rever estas imagens de 2009.
Reler o poema de Camilo sobre o abandono de que foi alvo por parte dos amigos: poema que diz uma verdade, amarga.
Bom relembrar a caminhada evocativa de Camilo.
E agora no dia 21 tb vai ser bom ouvir outro grande escritor das terras do Norte de Portugal, Miguel Torga. Como gosto dele!
Um abraço, Lucy.
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