"Encontro "mário cesariny" - na Fundação Cupertino de Miranda (2008)
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Mário Cesariny
Uma breve caminhada pela cidade de Vila Nova de Famalicão, o local que deu seguimento aos meus passos...
10 de Fevereiro de 2008
4 comentários:
Por que será que eu, cisne pequeno embora, amante das águas claras, sem saber ler nem escrever, percebi tão bem, e gostei tanto, do que diz o poema de Cesariny? Até percebi quando ele fala na necessidade da poda. Isso é que eu tenho que fazer já: vou-me podar. Cortar para aqui umas penas. É como a cebola. descascar, descascar...( nada de más interpretações ).
Um beijo.
Eduardo
Obrigada pela visita. Para mim, os jardins são também o melhor lugar para orar. Estamos de acordo! Mas sou fascinada por Arquitectura
Revisito. Como sempre.
Leio o poema de um dos poetas que mais admiro.
Delicio-me com as imagens e a música.
E vou de partida para junto do mar.
E deixo um beijo amalucado à pressa.
Até logo ou até amanhã, Lucy.
Revisito. Como sempre.
Leio o poema de um dos poetas que mais admiro.
Delicio-me com as imagens e a música.
E vou de partida para junto do mar.
E deixo um beijo amalucado à pressa.
Até logo ou até amanhã, Lucy.
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