Uma visita à aldeia da Landeira - em Santa Cruz da Trapa, no Concelho de S. Pedro do Sul.
Uma aldeia rural incrustada na serra da Gralheira, onde comunidades de jovens resolvem criar as suas próprias raízes recorrendo a vestígios de vida bem à moda tradicional portuguesa, criando eles, também, os seus próprios meios de subsistência.
Foi assim que fomos encontrar uns amigos de longa data, um casal jovem com o seu bebé, afastados da restante família, refugiados da tempestade ruidosa das grandes cidades.
Estava um dia bastante chuvoso, mas nem isso foi obstáculo para apreciar a calmaria da vida no campo, onde o conforto do lar se faz à volta de uma lareira acesa, onde a chama do amor ilumina quem vai de passagem, porque tudo tem o seu tempo: o tempo de plantar e o tempo de colher...!
- Poema de Rita Aleixo
No campo, o cheiro da alfazema
é uma ternura que se espalha pelo ar.
E junto ao esplendor da Natureza
toda a harmonia se encontra no lugar.
-
Nada há de mais belo
que ver um semeador a plantar
o que com o decorrer do tempo
da terra há-de brotar...
-
De madrugada a lida recomeça
num trabalho duro de muito esforço.
Mas que melhor haverá de recompensa
que a de poder acompanhar este ciclo gracioso?
-
A gente citadina desconexa
não o pode saber apreciar...
Pois seus muros de cimento são altos
e difíceis de ultrapassar.
-
Para dar largas à visão
a cidade é fechada de aparências.
Uma enganadora ilusão
que prende as gentes nas suas teias.
-
No campo o horizonte é o limite
e a essência da vida na perfeição.
Quem nunca se libertou para a vislumbrar,
então é pobre e pequeno na imensidão.
-
Vale a pena subir os altos muros
da prisão que a cidade encerra!
Pois ainda se sente, vinda lá do fundo,
a ternura do cheiro a alfazema...
Rita Aleixo
( 2002 )
http://ealeixo.blogspot.com/