Fotografia do "Rio Cávado, no Gerês"

sábado, 10 de dezembro de 2011

O meu Pai___em mim!

Porque faz hoje 28 anos que meu pai partiu, com 78 anos de idade - a 10 de Dezembro de 1983.
E, porque a memória nos encaminha para paisagens esbatidas pelo tempo...
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Esta é a história de um homem simples, mas de grande importância para mim, por se tratar do meu pai: 
Manuel Joaquim Ramos, nascido a 4 de Dezembro de 1905, em Taíde, Póvoa de Lanhoso, filho de António Ramos e Virgínia Peixoto, comerciantes em Porto D'Ave. 
Como era comum numa família numerosa, entregavam-se dois filhos à vida religiosa, para que toda a família prosperasse: um padre e uma freira. Assim aconteceu com a irmã mais nova de meu pai: Maria da Natividade. O destino de meu pai teria sido idêntico, já que cedo rumou a um seminário a Braga, mas não sendo um aprendiz convicto da vida celibatária, trocou as vestes litúrgicas pela capa e batina de estudante, tendo abandonado o seminário e completado o 7º ano no liceu Sá de Miranda. 
Passava ele férias em casa de seu tio, Sebastião Ramos, no Pico de Regalados, em Vila Verde, quando conheceu a minha mãe. Já estava preparado para dizer a 1ª missa quando lhe foram encontradas as cartas que lhe escrevera, razão pela qual abandonara a futura vida eclesiástica e se dedicara a criar a numerosa família de que foi o progenitor.  
Por imposição familiar acabou por ingressar no Magistério Primário e ter sido colocado em Trás-os-Montes, Lousa - Moncorvo, onde para além das suas funções de professor primário, fez o papel de "juiz", prestou "socorro médico e veterinário", até de parteiro, segundo o que a minha mãe contava. Ele e o padre é que acudiam a todos os problemas na aldeia, como pessoas mais instruídas, eram o suporte para as gentes que viviam isoladas, longe de tudo, isto numa altura em que a carência era enorme, em todos os aspectos.
Viveu na Lousa cerca de dez anos, tendo depois concorrido para a Vila das Aves, local onde exerceu a sua profissão até à reforma. Trabalhou até aos 70 anos de idade, com 40 anos de serviço público, teve 13 filhos, dois dos quais falecidos na Lousa. 
Iluminou muitas cabeças de jovens rapazes que por ele passaram, abrindo portas a futuros mais promissores. 
Educou os filhos com valores elevados, valorizando a honestidade e a integridade em todos os sentidos. 
Eu, como filha mais nova, presto-lhe aqui a minha homenagem e avivo a memória da sua passagem pela vida terrena.

  "...esta curta mas longa história (as palavras quando entram na corrente do pensamento, estendem-se por horizontes inimagináveis)..." como muito  bem comentou um meu irmão.

Tanto que haveria ainda por contar!... Retalhos de vidas que, unidos, formam
 a linda manta - única - de que somos todos compostos.



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Retrato dos meus pais quando jovens:
Manuel Joaquim Ramos e Laurinda da Anunciação de Sousa Lima



Fotos de meu pai quando jovem professor e pai, dos dois filhos que morreram na Lousa, do nascimento das gémeas (as mais novas de 11 filhos vivos), dos casamentos de alguns dos filhos, dos 3 primeiros netos da filha mais velha... e dos pais nos últimos tempos de vida.

3 comentários:

Manuela ramos Cunha disse...

Só hoje tive oportunidade de falar da "partida rumo aos céus" do meu pai. Não que não me lembrasse no dia 10, mas, porque não tenho computador em casa, e, mesmo agora, escrevo de um computador de uma minha amiga, no Porto.

Falando do paizinho, da sua precoce ida...foi tão rápido, tão inesperado, que ainda hoje me culpo da ausência do meu carinho nesse dia.

E para que não soframos as culpas de uma ausência, negligência, nada há melhor que estarmos sempre presentes uns nos outros!
Apenas te telefonei para te dizer que te amo!
É tão fácil dar amor apenas com um simples "ALÔ"?!

Mas o meu pai tem-se manifestado vivo em mim, e, aquele abraço que desejo dar-lhe...é dado diariamente quando lhe falo de dia e sonho com ele à noite! E o meu pai fala comigo, oiço a sua voz amiga a dar-me conselhos...fico radiante com as coisas muito boas que ele me diz com muito carinho, mas, também aviso...
E, esta noite andei a sonhar com o meu pai, e ele disse-me coisas maravilhosas...porque ele é que tem um coração maravilhoso! Visita-me para me acordar para os perigos da vida, e, ensina-me o caminho a seguir, seguindo sem temores, porque na natureza nada se perde, mas tudo se transforma!

Obrigada meu paizinho por me acordares e me deixares encantada com a vida!
Vem todas as noites paizinho e dá-me aulas de esperança, de fé e de coragem para enfrentar qualquer caminho...

Estou feliz...portanto, pois, não morreste nada paizinho.

A tua filha, Nela

Lucília Benvinda disse...

Nela,
Gostei muito deste teu desabafo 'público'. A forma natural e sentida com que mostras o teu coração faz de ti uma pessoa especial e genuína.

Um "ALÔ para ti, também!
E já agora, um abraço.
Cila

Manuela ramos Cunha disse...

Não há dúvida que basta um "talá" para dizermos em silêncio: eu gosto de ti e tenho saudades da tua presença!

Muito sentido também o teu comentário, feito de igual transparência e consolo.

Beijo de irmãs, Nela